Navio patrulha venezuelano Warao

VENBRAS 2012: ‘Warao’ encalha próximo ao porto de Fortaleza



O Navio Patrulha Oceânico “Warao” (PC 22) da Armada da República Bolivariana da Venezuela (ARBV), na manhã do dia 03 de agosto, por ocasião da sua aproximação ao porto de Fortaleza encalhou no Recife da Velha, sofrendo avaria.

O Navio “Warao” está participando da Operação VENBRAS-2012 que se realizará, no período de 03 a 13 de agosto, na área marítima compreendida entre a cidade de Fortaleza e o Arquipélago de Fernando da Noronha, com a participação da Fragata “Niterói” (F40) e do Navio-Tanque “Almirante Gastão Motta” (G23) da Marinha do Brasil, juntamente com o Navio Patrulha Oceânico “Kariña” (PC 24) da Armada venezuelana.

Atualmente, o Navio “Warao” está sendo rebocado para o porto de Fortaleza para atracar a contrabordo do “Kariña”, como previamente planejado. Foi instaurado um procedimento administrativo para esclarecer as causas do acidente e a extensão da avaria. Não houve incidente de pessoal e nem poluição hídrica.


Ele pertence a classe Quaiqueri, contruído na Espanha e adquirido pela Venezuela em número de 4 unidades.


FONTE: Assessoria de Comunicação Social – Capitania dos Portos do Ceará

Há algo de preocupante nessa situação.
 
Vejam por bombordo, no mastro, na verga de adriças as 4 bandeiras ( do topo para baixo, na vertical....) do Codigo Internacional de Chamada do Warao, que é WYMI  ( WhiskeyYankeeMikeIndia  )..indiquei com seta verde....e por dentro, à direita deste, bem nítida, a bandeira HOTEL indicando presença de prático a bordo ( seta vermelha )..........
 
Bandeira HOTEL:
 

 
 
essa captação diz-se ser após o acidente, mas a questão é: o prático embarcou antes ou depois do encalhe? Se embarcou antes do encalhe, a administração portuária tem responsabilidade  no acidente...........
 
 
 
 
***Foto, Fonte: http://www.defesaaereanaval.com.br/?p=7252
 
Atenção ao texto dessa matéria quando cita que o navio venezuelano foi rebocado por “navios da Capitania dos Portos”, informo que essa frase contém erro, já que a Capitania não possui navios......os rebocadores são da Administração Portuária.
 
Há notícias de que um dos eixos do navio ( a classe Guaiqueri possui dois eixos, com dois hélices de passo variável ) foi quebrado, partido, ou trincado.........A empresa Navantia está avaliando os danos, que parecem ser muito severos, inclusive o navio está com uma tendência de banda para boreste do que vem se apoiando em escora flutuante.....
 
Vejam foto do Warao, por fora atracado a contrabordo do Karina, que está por dentro encostado no cais.
 
 
 
 
*** Foto, Fonte:  http://www.notitarde.com/Pais/...2)/2012/09/13/132358
 
Abs: Marcus Silva

Alguns sites informam que o navio venezuelano teria encalhado no fundo chamado de Recife da Velha, veja no extrato de carta náutica, circulo em vermelho:



Essa distância mais ou menos até o ponto portuário ( mais próximo ) seria de cerca de 2,7kms, estimado por mim, muito próximo do acesso ao porto, acredito que o prático estivesse a bordo...........

Dando zoom na carta chegamos assim:



O Warao tem cerca de 3,80m de calado......... o que não deixaria muita margem de segurança para navegar sobre o Recife da Velha........veja os pontos em azul mais escuro com 3,4 metros, 3,3 metros, outros pontos com cerca de 4,0 metros de profundidade média.......

Mas o que temos hoje, data de 20.11.2012 é que o Centro de Hidrografia da Marinha divulgou a seguinte nota em Aviso aos Navegantes:



Então deve ter sido neste alto- fundo que o Warao bateu em pedras..........

Em imagem de satélite, o Recife da Velha apontado :

Mas poderíamos nos perguntar: se esta área é tão rasa, por que a Marinha ainda não instalou um farol nessa região? Isso evitaria outros futuros acidentes.......

O Serviço de Hidrografia da Marinha do Brasil já fez sua parte lançando os dados batimétricos ( profundidade ) em carta náutica. Os práticos existem tbm para guiar os navios para fora dessess perigos e esse alto fundo é registrado em carta náutica, quem está navegando e se posicionando corretamente tem esses dados do Recife da Velha, mas pode ter acontecido um transporte de sedimentos por força de maré, o que diminui a profundidade cartografada.
E como eu citei, navegação é arte, tem que ter "feeling" e se utilizar de lazeira para passar com um navio em cima de pontos seguros: por exemplo, se meu calado é de 3 metros, eu não confiaria nunca em passar em fundo de 4 metros, 5 metros, e mesmo pq outros fatores como balanço do navio podem deixar os dois pontos, navio e fundo, mais próximos............alguém alí errou, e com certeza, tbm como apontei, o prático deveria estar a bordo, mas este tbm recebe assessoria do pessoal de bordo, como posicionamento e etcs........ alguma coisa deve explicar o acidente....... e para quem for se aproximar da área, o Aviso aos Navegantes, gerado pelo CHM, já está alertando sobre nova profundidade e a Marinha vai ( opinião minha ) distribuir em breve uma atualização da Carta 701 que cobre a região do Porto de Mucuripe, normalmente isso é divulgado para todos os setores e navios com destino para a região.
Não é caso para instalação de farol, ou balizamento, em virtude de ser um local próximo de praia, com várias profundidades muito parecidas concentradas. Esse tipo de perigo foi detectado recentemente e a Marinha do Brasil precisa identificar e classificar antes, para depois sinalizar, conforme normas de identificação de perigos a navegação. Pode ser até caso a se resolver com serviço de dragagem....................restabelecendo as condições existentes na carta náutica daquele trecho, ou seja, suprimindo o alto-fundo de 1,7 metos, baixando para cerca de 3 metros.......

Veja exemplo de normatização de identificação de novos perigos:


7.2. Sinalização de Novos Perigos
7.2.1. Os Novos Perigos devem ser sinalizados de acordo com as presentes normas.
Se a autoridade responsável considerar o perigo especialmente grave à navegação, pelo menos um dos
sinais usados para balizá-lo deverá ser duplicado por um sinal adicional, tão logo possível.
DH18-6 Original
XVIII LISTA DE SINAIS CEGOS
7.2.2. Qualquer sinal luminoso usado com este propósito deve ter a característica
luminosa Cardinal ou Lateral muito rápida (MR) ou rápida (R).
7.2.3. Qualquer sinal usado para duplicação deve ser idêntico ao seu par em todos
os aspectos.
7.2.4. Um “Novo Perigo” pode ser marcado por um sinal de racon codifi cado Morse
“D”, mostrando o comprimento de uma milha náutica na tela do radar.
7.2.5. O sinal usado para duplicação pode ser removido quando a autoridade encarregada
estime que a informação concernente ao “Novo Perigo” haja sido suficientemente divulgada.............................xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx



Abs: Marcus Silva

Esses altos-fundos são como bombas-surpresa.
O lema da Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha é "Restará Sempre Muito o Que Fazer", porque esses perigos a navegação surgem e somem, e o sistema de balizamento sofre tremenda dinâmica em função de luzes de faróis, faroletes, balizamentos, que se apagam, que ficam mudos e bóias que se soltam, descoloram e etcs...........um serviço incansável que nunca fica pronto..............é um esforço permanente para tentar prover meios de segurança a quem está navegando em nossas águas.

Eu queria fazer um adendo de explicação pq pode ficar confuso no texto acima o conceito de DHN e CHM:


A Marinha, por meio da Diretoria de Hidrografia e Navegação, é a Instituição Nacional que tem por funções promover e coordenar a participação do País nas atividades da COI, relacionadas com os Serviços Oceânicos e Mapeamento Oceânico, servir de Banco Nacional de Dados Oceanográficos e Centro depositário da COI, e integrar o Sistema Mundial de Dados Oceanográficos.
O Centro de Hidrografia da Marinha , Organização Militar subordinada à DHN, é responsável pela operação do BNDO, por meio da Superintendência de Informações Ambientais, cujas atividades de acordo com o Artigo 4º do citado Decreto são:
* obter, receber, analisar, verificar a coerência dos dados recebidos, organizar, controlar, arquivar e disseminar dados oceanográficos;
* manter interncâmbio de dados oceanográficos com as instituições nacionais e estrangeiras congêneres no âmbito da COI;
* manter acervo bibliográfico das publicações e documentos da COI, para difusão à comunidade científica nacional;
* coordenar, controlar e supervisionar, com a participação do Ministério da Ciência e Tecnologia, os programas nacionais de obtenção de dados oceanográficos.