Pasra nomenclatura naval não podemos confundir os termos, uma coisa é o que os dicionários reconhecem, e outra bem diferente é o jargão naval.
Na literatura naval somente se usa o termo Encouraçado, e nunca Couraçado.
O dicionário Aurélio atribui o termo couraçado a qualquer embarcação com couraça.
O termo "Battleship", uma contração do originado do inglés Line-Of-Battle Ship, referindo-se a um navio de grande porte, com couraça e armado com canhões de grosso calibre, é citado, na nossa literatura naval, como Encouraçado. Um monitor antigo, ou gunboat podia ser classificado como "couraçado" pela característica da presença da couraça e não pela especificação geral em sí.
Faça uma analogia com o termo ESTIBORDO, que consta no dicionário da Língua Portuguesa, mas não é adotado na literatura naval, é proibido usar este termo a bordo de navios da Marinha do Brasil, ao se referir ao lado direito do navio, que é BORESTE.
Outro exemplo: Doca Seca. O termo naval preconizado para os diques no Brasil é Dique Seco, e não Doca. Procure por exemplo no Google o Dique Almirante Régis, e vai ver referencia como dique seco.
O Sr. Capitão-de-Fragata ( Refº ) Alexandre de Azevedo Lima, no seu livro "Termos Náuticos" Inglês-Português traduz a palavra "Battleship" como "Encouraçado", sem atribuir outras opções.
Outros autores de Arte Naval, ao descreverem tipos de navios citam os "Encouraçados", dentro deste grupo específico.
Se você estiver a bordo de um navio de guerra e o Comandante do navio for fundear, vai ouvir o Oficial de Convés ordenar ao Mestre que mande "Largar o Ferro", e não "Arriar a Âncora". Outros símbolos da Marinha que contém âncora são referenciados como âncoras mesmo, mas a âncora do navio é "ferro" como comumente dito a bordo..........a platina de um Almirante-de-Esquadra possui uma âncora, então se alguém quiser fazer um elogio deve dizer: " A âncora da platina do Almirante é um símbolo...........", que é diferente de referir-se a âncora do navio.
A literatura de ciência naval se refere às âncoras com este termo mesmo, por exemplo, citando alguns tipos de "ferro", âncoras Almirantado, âncoras patentes , âncoras Danforth, e âncoras especiais, mas referida a bordo como "ferro".
O jargão naval é todo especial, até as nomenclaturas são distintas, veja que algumas fontes escrevem os postos sem hífen, mas a literatura oficial militar trata a grafia dos postos com hífen: Almirante-de-Esquadra,Capitão-de-Fragata, etcs, mas haverão fontes da língua portuguesa citando o termo sem hífen, até o Aulete do professor , lexicógrafo e político português,Francisco Júlio de Caldas Aulete, no seu excelente dicionário, cita estas patentes sem hífen.............já o dicionário Aurélio cita com hífen..............
Outro equívoco é referir-se ao Posto dos Militares como Patente. Patente é o documento que encerra designação para Posto militar, é o contido na Carta Patente de designação do Oficial, e Posto é o que comumente ouvimos como Capitão-Tenente, Capitão-de-Mar-e-Guerra e etcs.......Para Praças utiliza-se o termo "Graduação", exemplo, "XXXXXX foi promovido a Graduação de Segundo-Sargento".....
Alguns termos utilizdos na Marinha Mercante são distintos da Marinha do Brasil ( Marinha de Guerra ), dou exemplo simples da marcação magnética a seguir com a navegação do navio, ângulo que a direção para onde aponta a proa da embarcação faz com a direção do norte verdadeiro (rumo verdadeiro), ou com a direção do norte magnético (rumo magnético), ou, ainda, com a direção do norte da agulha (rumo da agulha), na Marinha do Brasil somente se usa o termo RUMO, enquanto na Marinha Mercante se usa o termo CURSO.
E já dizia o Exmº Sr. Contra-Almirante Henrique Octávio Aché Pillar que a Arte Naval, sem ser exclusiva, é uma cultura específica da Marinha do Brasil.
Abs: Marcus Silva